Igreja de Santa Maria da Devesa
Matriz de Castelo de Vide. A sua construção teve início em 1789, no local onde existiria uma pequena capela com o mesmo nome, fundada em 1311 por Lourenço Pires e sua mulher. Concluiu-se por volta de 1873. É um templo amplo, porventura o maior do Alto Alentejo.
A invocação a Santa Maria da Devesa é única no nosso país e é possível que esteja relacionada, não apenas com o local onde se encontra, o qual era denominado como “as terras reguengueiras da coroa pertencentes à devesa do prado”, mas também com a necessidade de defesa e proteção divina por parte dos habitantes de Castelo de Vide.
A igreja de Santa Maria da Devesa está situada no extremo Oeste da Praça D. Pedro V. O edifício orienta-se para Sul, serve-lhe de acesso um lance de escadas, deitando para um adro vedado por gradeamento de ferro com pilastras de granito, o qual contorna todo o monumento pelo lado Sul.
Esta igreja é constituída por um conjunto de sete volumes: nave, capela-mor, transepto, duas torres sineiras e duas sacristias.
A fachada principal é ladeada por duas torres sineiras, de planta quadrada, contendo cada uma quatro janelões de torres de volta perfeita, com sinos, separadas por pilastras formadas por blocos retangulares de granito.
Ao centro abre-se a porta principal, o dintel é de granito decorado em estilo barroco, em arco abatido, coroado com cabeça de anjo com asas abertas, sobre uma pequena cornija. Ladeando a porta, erguem-se duas colunas de granito, de fuste canelado, que se eleva até à altura do dintel, onde termina com capitéis coríntios. Imediatamente acima da cornija abre-se uma porta com balaustrada de ferro. Todo este conjunto é coroado por uma espécie de brasão com decoração barroca.
A nave é retangular; todo o espaço interno está dividido em quatro tramos, separados por pilastras pintadas. O teto é em abóboda de berço, também dividida em tramos por arcos torais. No primeiro tramo, junto à entrada principal, ergue-se o coro; no sub-coro o teto é em abóboda de arestas.
A capela-mor é retangular, com abóboda de berço que assenta sobre a cornija que é a continuação da nave e do transepto; nas paredes Este e Oeste abre-se uma porta de acesso às sacristias. Na do lado Norte eleva-se o altar, ao centro do qual se rasga o vão de volta perfeita que contém.
O altar-mor foi mandado fazer por Orminda Augusta de Almeida Durão Cordeiro, em 1951 e foi concebido por Camilo Korrodi (filho do famoso arquiteto suíço Ernesto Korrodi). Executados em mármores de diversas tonalidades de acordo com a decoração da igreja e onde podemos também ver os símbolos litúrgicos, o pão e o peixe e ao centro o monograma de Cristo – XP.
As pinturas da capela-mor foram executadas pelo médico e pintor, Dr. Adolfo Lahmeyer Bugalho, entre 1952 e 1953, com exceção de “O regresso do Filho Pródigo”, pintado em 1952 por Luísa Maria Salema Cordeiro; e “O repouso durante a Fuga para o Egipto”, do mesmo ano, de Alice Gordo Barata.
As telas de Adolfo Bugalho são transcrições de versículos alusivos ao tema representado. Do lado do Evangelho e junto à janela: “Assunção da Virgem”; no meio, “Jesus pronuncia as palavras da crucificação” e está rodeado pelas representações simbólicas dos quatro evangelistas; ao lado, refere um versículo dos Atos dos Apóstolos; por fim, e ao lado da porta da sacristia, está representado o versículo 2 do salmo 42.
No lado oposto encontramos, em cima, a tela “Anunciação” e a transcrição do versículo do Evangelho de São Mateus 19:17.
O coro da Igreja de Santa Maria da Devesa alberga o Museu de Arte Sacra Cónego Albano Vaz Pinto https://www.facebook.com/Museu-de-Arte-Sacra-C%C3%B3nego-Albano-Vaz-Pinto-317385068272128/